Banco é condenado a devolver mais de R$ 27 mil para idoso que sofreu golpe
Um idoso, de 85 anos, caiu no golpe da falsa central telefônica e perdeu mais de R$ 27 mil. A vítima acreditou que estava falando com funcionários de um banco quando, na verdade, se tratavam de criminosos.
Com os dados do idoso, os golpistas realizaram saques e pagamentos, de forma constante, em menos de 24 horas. A vítima acionou a Justiça e deve receber o valor perdido, além de uma indenização por danos morais.
O caso aconteceu em novembro de 2021 com um idoso que mora em Santos (SP). Ele recebeu uma ligação de uma suposta central de segurança da instituição financeira, dizendo que haviam identificado movimentações suspeitas na conta bancária dele. Ele informou à funcionária que desconhecia as operações.
A atendente recomendou o idoso a entrar em contato com o telefone que se encontrava no verso do cartão, para cancelar as operações. Ao ligar, ele foi atendido por uma central de atendimento eletrônico e encaminhado a um menu para que informasse o número do cartão e a senha. A funcionária fazia as perguntas, e ele confirmava os dados.
Em seguida, um novo atendente, se identificando como se fosse do setor de cancelamento de operações do banco, disse ao idoso que ele precisava pedir o cancelamento dos referentes cartões. Para isso, ele deveria cortar o cartão ao meio, no sentido de inutilizar a tarja magnética, colocar em um envelope lacrado e dirigido ao departamento de fraudes de cartões do banco.
O idoso realizou todo o procedimento. No dia seguinte, se dirigiu à agência bancária, onde descobriu que tinha caído em um golpe. O advogado da vítima, Fabricio Posocco disse ao G1 que "Várias operações de cartões de crédito, uma atrás da outra. Pagamentos em adegas, lava-rápido, com valores de R$ 4 mil, R$ 5 mil, R$ 7 mil. Valores muito altos".
A filha do idoso, Anahi Santos, disse que o pai não desconfiou do golpe, a princípio. "Logo no dia seguinte, a gente já percebeu que tinha sido um golpe e, já tinham feito o estrago na conta dele. Foi mais de R$ 27 mil", conta ela.
A família ligou para a instituição financeira, coletou todos os documentos e apresentou os argumentos do que havia acontecido. De acordo com ela, o banco se negou a cancelar as operações de saques e pagamentos feitas pelos criminosos.
"Mesmo nas faturas seguintes, eles poderiam ter bloqueado e não bloquearam. Falaram que não era possível porque foi feito diretamente no estabelecimento e não tinham como interagir. Eles deixaram o prejuízo no colo dele, sem nenhum apoio, nenhum acolhimento", disse ela.
Anahi disse que o pai ficou extremamente abalado com o ocorrido. "Ele estava muito constrangido, até meio deprimido. Ele se achou responsável, que foi ingênuo, por ser uma pessoa de idade. Eu falei: vamos atrás". Em razão disso, a família acionou a Justiça para tentar recuperar o valor perdido.
De acordo com o advogado da vítima, o banco deveria estar ciente das movimentações feitas pelos criminosos, pois, divergiram do perfil de consumo e do padrão financeiro do idoso.
"O banco tem por força de lei a obrigatoriedade de poder fazer o monitoramento de operações. Quando acontece [com] essa velocidade, o banco tem que saber. Existe um sistema de monitoramento do banco que analisa o perfil do cliente e falhou. Além da falha, a guarda dos dados da pessoa", falou Posocco.
Condenação
A condenação foi publicada em fevereiro deste ano. O juiz Rodrigo Garcia Martinez, da 12ª Vara Cível de Santos, compreendeu que estava evidente o caráter fraudulento das operações e que o bloqueio das ações deveria ter sido realizado pela central do banco.
Martinez condenou o banco a devolver os valores debitados da conta do aposentado e as parcelas quitadas do cartão de crédito, totalizando o valor de R$ 27.861,02. Além disso, determinou uma indenização no valor de R$ 5 mil por danos morais.
Segundo o advogado do idoso, os criminosos ainda não foram identificados. O pagamento da indenização também não foi realizado, mas a filha da vítima espera que os valores sejam devolvidos ao pai, que ainda sobre ao recordar de toda a situação que passou.
"O banco tem responsabilidade e a gente precisa acioná-los para isso. Não pode deixar como se fosse a responsabilidade do cliente, única e exclusivamente. Principalmente, se tratando de um correntista de tanto tempo, com histórico e movimentação muito claro, sem nenhum desvio. Caso aconteça [com alguém], procure seus direitos também", falou o advogado do aposentado.
Por Betonews fonte: Bnews
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