Diretor de hospital da BA revela que radialista com Covid-19 suspeito de abusos sexuais tem estado de saúde grave
Um radialista, suspeito de cometer abusos sexuais contra a filha e a enteada, há mais de
20 anos, quando as vítimas ainda eram crianças, está
internado em estado grave com Covid-19, no Hospital
Cleriston Andrade, em Feira de Santana, cidade a 100 quilômetros de Salvador. Um dos
crimes vai ser prescrito se ele não prestar depoimento até 7 de junho.
Nesta segunda-feira
(31), o diretor do HGCA, José Carlos Pitangueira informou que Rogério Magalhães
de Santana, se 53 anos, foi monitorado e que um exame para a detecção da morte
cerebral só não foi realizado, porque o paciente não estava com temperatura
corporal abaixo dos 35°C.
“O exame só é feito
quando o paciente está com a temperatura do corpo abaixo de 35 graus. Rogério
não chegou aos 35, por isso estamos monitorado”, disse José Carlos Pitangueira.
O diretor explicou
que o exame vai determinar se o radialista vai "lutar pela vida ou
não".
Crime pode prescrever
Joari Wagner Marinho Almeida, o advogado da ex-esposa do radialista,
Eleonora Gomes Sampaio, autora da denúncia, explicou ao G1 que a filha
mais velha, ex-enteada do suspeito, sofreu os abusos entre os 6 e 12 anos, e
completa 39 anos no início do próximo mês.
O crime pode prescrever se Rogério Magalhães de Santana não prestar
depoimento até esta data.
"A legislação penal diz que o prazo prescricional maior que nós
temos, que é de 20 anos, vai acontecer da data em que as vitimas completaram 18
anos, começando a contar a partir do momento que elas completam maioridade, em
crimes sexuais e afins. O caso delas foi descoberto tardiamente, e uma delas
está prestes a completar esse prazo, mas estamos tentando fazer com que esse
cidadão seja responsabilizado", explicou.
Rogério está internado no hospital desde o dia 15 de maio. O advogado
dele, Andrey Smith Daltro Santos, informou ao G1 que, dias
antes de Rogério ser internado, o suspeito chegou a entrar em contato para
falar sobre o caso, mas informou que não poderia ir na delegacia prestar depoimento
porque estava com Covid-19.
Andrey disse também que só vai falar sobre o caso quando tiver os autos
em mãos, e Rogério receber alta médica, para que possa ouvi-lo sobre as
acusações.
O advogado da família de Eleonora explica que, por causa da falta de
depoimento do suspeito, por enquanto não há processo sobre o suposto caso de
pedofilia, apesar de já haver a investigação. Esse processo será instaurado com
a conclusão do inquérito policial.
Abusos contra as filhas
As vítimas, que atualmente têm 34 e 38 anos e não quiseram ser
identificadas, confessaram à mãe, Eleonora Gomes Sampaio, no final do ano
passado, que receberam "carícias" do suspeito durante a
infância. Elas contaram ainda que, na época, não tiveram coragem de relatar
a situação.
Eleonora contou ao G1 que os abusos
começaram com a filha mais velha dela, fruto de um relacionamento anterior,
quando a vítima tinha cerca de 6 anos. Na época, a menina tinha medo de ficar
em casa com o então padrasto e pedia à mãe para morar com o pai.
á a filha mais nova de Eleonora, que é filha do suspeito, relatou para a
mãe que foi abusada por ele uma vez, quando tinha 11 anos. Eleonora só
descobriu que as filhas foram abusadas em outubro de 2020.
Após tomar conhecimento da situação, Eleonora conseguiu convencê-las a
denunciar os casos.
A mulher também contou que já havia flagrado o ex-marido assistindo
conteúdos pedófilos no ambiente de trabalho, anos antes de descobrir que as
filhas foram vítimas de abusos sexuais dele. Apesar disso, Eleonora disse não
ter percebido o que se passava na própria casa.
Também ao G1, Eleonora detalhou que vivia uma
relação abusiva e que ele conseguiu convencê-la de que não tinha acessado as
páginas na internet.
Depois de saber que o algoz da filha era o padrasto, Eleonora procurou
saber sobre a filha mais nova. "Perguntei: 'Teu pai foi teu abusador?'.
Ela resistiu, mas depois disse que sim".
Violência doméstica
Além do caso dos abusos contra as filhas, Eleonora já havia entrado com
outros dois processos contra o ex-marido, ambos por agressão. Ela e o
radialista foram casados durante 30 anos e tiveram um relacionamento abusivo,
marcado por uma série de traições, agressões verbais e físicas.
Eleonora contou que, em uma das vezes, precisou fugir de casa com uma
das filhas, após ele ameaçá-la de morte com uso de um facão. Em 2016, quando já
estava separada, a mulher entrou com pedido de medida protetiva, que foi
concedida. A Justiça determinou que ele respeitasse a distância mínima de 300
metros dela.
O segundo processo movido por Eleonora contra o radialista foi em 2017.
Por correr na Vara de Família, o caso está sob sigilo. Através do
acompanhamento processual, pelo site do Tribunal de Justiça da Bahia, o G1 verificou que
as audiências referentes a este caso foram adiadas por prazo indeterminado, por
causa da pandemia.
Por Beto News. Fonte G1 Bahia
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